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Marcenaria da Terra começa a vender móveis.

Quando José Cristiano Oliveira Ferreira começou a estudar marcenaria na Fundação Terra, aos 17 anos, ele já era chamado de “Igor”, mas mal sabia que viraria não apenas um profissional de mão cheia e muito menos um mestre no ofício e coordenador do curso de formação profissional da instituição voltado à de lidar com a madeira

O apelido Igor, ele ganhou da mãe, que gostaria de tê-lo registrado com o nome de origem russa contra a vontade do pai, que o registrou. A mãe não conseguiu fazer a vontade na hora do registro, mas venceu a disputa convencendo os familiares a adotar o pseudônimo.

Agora, Igor está passando por uma nova fase na Marcenaria da Terra, tão surpreendente quanto a história da mudança de nome. Nos últimos meses, os 8 funcionários e alunos do curso ministrado por Igor estão vendendo móveis sob encomenda a pessoas e empresas da região.

O trabalho tem a mesma qualidade do curso existente desde 1992. “Formamos ao longo desse tempo 50 profissionais, muitos de extrema competência”, explica Igor. “Então, decidimos usar nossa capacidade para entrar no mercado, com qualidade e preços competitivos.”

Para fazer a escola virar negócio, a Fundação Terra mantém um total de 8 funcionários. E, claro, os estudantes que querem aprender o ofício. A formação ainda é a missão principal não só da Marcenaria, mas dos cursos de profissionalização mantidos pela instituição — alguns em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), com um total de 90 alunos formados apenas em 2022.

No caso da marcenaria, são quatro meses de formação também sob supervisão do SENAI. “A marcenaria nasceu como uma ideia do padre Airton Freire de dar independência profissional aos jovens da comunidade”, lembra Igor, que fez marcenaria em 2000.

Sustentabilidade

Da mesma maneira, a ideia de vender para fora é obter dinheiro para ajudar no financiamento das obras da Fundação Terra, que só no ano passado resultaram em mais 205 mil atendimentos em saúde, educação e assistência social.

Para tanto, um plano de negócios está sendo estruturado. “A Marcenaria da Terra terá um perfil próprio no Instagram”, explica o mestre Igor. E, claro, um serviço de encomendas online, que está sendo planejado.

Toda a Marcenaria da Terra foi montada a partir de doações. É um maquinário robusto, distribuído em 2 galpões de 240 metros quadrados cada, instalados na Rua do Lixo, em Arcoverde, na sede da Fundação Terra. Os dois espaços contam com máquinas de esquadrejar, serras de fita, tupia de bancada, bordadeira, lixadeiras e furadeiras, amoladores e até uma impressora 3D para criar detalhes nos móveis em velocidade e escala industriais.

A maior parte da demanda vem de Arcoverde e região, mas não só. “Até em Recife já entregamos nossos trabalhos”, explica o coordenador.

Os negócios são um capítulo à parte, evidentemente. “A marcenaria também trabalha com a comunidade, com reformas de carroça de burro, quarda roupa em geral”, Igor explica. “E ainda reformamos móveis antigos que chegam por doações, repassando-os a pessoas pobres da comunidade.”